Seus poemas são de uma originalidade ímpar, sempre retratando o sertanejo das barrancas do Rio São Francisco, carinhosamente chamado de Velho Chico.
FOTOGRAFIA (Vicente Bastos)
Manhã, mil novecentos e sessenta e quatro...
Na proa, um tronco robusto, um remo hábil...
E uma canoa suave à mercê da correnteza
De encontro ao sol - rebento esplendente.
No colo farto da mulher, um filho. Um apelo,
A que, solícita, a mãe acorre: água de beber...
Imersa na abundância líquida do canal,
A caneca esmaltada farta a sede da criança...
E a canoa a descer com a correnteza
Das águas belas, ao céu do norte,
Dirigida à viração, a um tépido sol,
A um sol recém-nascido no oriente.
Garças e gaivotas sobrevoam a embarcação.
Em harmonia: vento, sol, rio, céu, aves...
O panorama agreste e gracioso do que fora;
Do que havia, do que era... Outras eras!
E a canoa a descer com a correnteza
Rumando ao doce sossegar do Amargoso.
Câmara portátil - peça rara àquele tempo.
A retratar a cena, só retinas de Menino!
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